Por sugestão do professor Juliano, segue um trecho do livro
"Pais brilhantes, professores fascinantes" de Augusto Cury.
Segunda parte:
"Pais brilhantes, professores fascinantes" de Augusto Cury.
Segunda parte:
Os
ouvintes manearam a cabeça, concordando com os argumentos. Em seguida, o
representante dos magistrados foi mais contundente: “O tráfico de drogas
movimenta tanto o dinheiro como o petróleo. Não há como extirpar o crime
organizado. Se vocês querem segurança, aprisionem-se dentro de suas casas, pois
a liberdade pertence aos criminosos. Sem os juízes e os promotores, a sociedade
se esfacela. Por isso, declaro, com o apoio dos promotores e do aparelho
policial, que representamos a classe mais importante da sociedade.”
Todos
engoliram em seco essas palavras. Elas perturbavam os ouvidos e queimaram na
alma. Mas pareciam incontestáveis. Outro momento de silêncio, agora mais
prolongado. Em seguida, o mediador, já suando frio, disse: “O espaço está novamente aberto!”
Um
outro representante mais intrépido subiu num degrau mais alto da torre. Sabem
quem foi desta vez? Os educadores? Não!
Foi
o representante das forças armadas. Com uma voz vibrante e sem delongas, ele
discursou: “Os homens desprezam o valor da vida. Eles se matam por pouco. O
terrorismo elimina milhares de pessoas. A guerra comercial mata milhões de
fome. A espécie humana se esfacelou em dezenas de tribos. As nações só se
respeitam pela economia e pelas armas que possuem. Quem quiser a paz tem de se
preparar para a guerra. Os poderes econômicos e bélicos, e não o diálogo são os
fatores de equilíbrio num mundo espúrio.”
Suas
palavras chocaram os ouvintes, mas eram inquestionáveis. Em seguida, ele
concluiu: “Sem as forças armadas, não haveria segurança. O sono seria um
pesadelo. Por isso, declaro, que se aceite ou não, que os homens das forças
armadas não são apenas a classe profissional mais importante, mais também a
mais poderosa.” A alma dos ouvintes gelou. Todos ficaram atônitos.
Os
argumentos dos três oradores eram fortíssimos. A sociedade tinha se tornado um
caos. As pessoas do mundo todo, perplexas, não sabiam qual atitude tomar: se
aclamavam um orador, ou se choravam pela crise da espécie humana, que não
honrou sua capacidade de pensar.
Ninguém
mais ousou subir na torre. Em que voltariam?
Quando
todos pensavam que a disputa havia se encerrado, ouviu-se uma conversa no sopé
da torre. De quem se tratava? Desta vez eram os professores. Havia um grupo
deles da pré-escola, do ensino fundamental, do médio e do universitário. Eles
estavam encostados na torre dialogando com um grupo de pais. Ninguém sabia o
que estavam fazendo. A TV os focalizou e projetou num telão. O mediador gritou
para um deles subir na torre. Eles se recusaram. O mediador os provocou:
“Sempre há covardes numa disputa.” Houve risos no estádio. Fizeram chacota dos
professores e dos pais.
Quando
todos pensavam que eles eram frágeis, os professores com o incentivo dos pais,
começaram a debater as idéias, permanecendo no mesmo lugar. Todos se faziam
representar.
Um
dos professores, olhando para o alto, disse para o representante dos
psiquiatras: “Nós não queremos ser mais importantes do que vocês. Apenas
queremos ter condições para educar a emoção dos nossos alunos, formar jovens
livres e felizes, para que eles não adoeçam e sejam tratados por vocês.”
O
representante dos psiquiatras recebeu um golpe na alma. Em seguida, um outro
professor que estava no lado direito da torre olhou para o representante dos
magistrados e disse: “Jamais tivemos a pretensão de ser mais importantes do que
os juízes. Desejamos apenas ter condições para lapidar a inteligência dos
nossos jovens, fazendo-os amar a arte de pensar e aprender a grandeza dos
direitos e dos deveres humanos. Assim, esperamos que jamais se sentem num banco
dos réus.” O representante dos magistrados tremeu na torre. Uma professora do
lado esquerdo da torre, aparentemente tímida, encarou o representante das
forças armadas e falou poeticamente: “Os professores do mundo todo nunca
desejaram ser mais poderosos nem mais importantes do que os membros das forças
armadas. Desejamos apenas ser importantes no coração das nossas crianças.
Almejamos levá-las a compreender que cada ser humano não é mais um número na
multidão, mas um ser insubstituível, um ator único no teatro da existência.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário