sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quais são os profissionais mais importantes da sociedade? Parte 2


 
 
Por sugestão do professor Juliano, segue um trecho do livro
"Pais brilhantes, professores fascinantes" de  Augusto Cury.
Segunda parte:

 Os ouvintes manearam a cabeça, concordando com os argumentos. Em seguida, o representante dos magistrados foi mais contundente: “O tráfico de drogas movimenta tanto o dinheiro como o petróleo. Não há como extirpar o crime organizado. Se vocês querem segurança, aprisionem-se dentro de suas casas, pois a liberdade pertence aos criminosos. Sem os juízes e os promotores, a sociedade se esfacela. Por isso, declaro, com o apoio dos promotores e do aparelho policial, que representamos a classe mais importante da sociedade.”
Todos engoliram em seco essas palavras. Elas perturbavam os ouvidos e queimaram na alma. Mas pareciam incontestáveis. Outro momento de silêncio, agora mais prolongado. Em seguida, o mediador, já suando frio, disse: “O espaço está novamente aberto!”
Um outro representante mais intrépido subiu num degrau mais alto da torre. Sabem quem foi desta vez? Os educadores? Não!
Foi o representante das forças armadas. Com uma voz vibrante e sem delongas, ele discursou: “Os homens desprezam o valor da vida. Eles se matam por pouco. O terrorismo elimina milhares de pessoas. A guerra comercial mata milhões de fome. A espécie humana se esfacelou em dezenas de tribos. As nações só se respeitam pela economia e pelas armas que possuem. Quem quiser a paz tem de se preparar para a guerra. Os poderes econômicos e bélicos, e não o diálogo são os fatores de equilíbrio num mundo espúrio.”
Suas palavras chocaram os ouvintes, mas eram inquestionáveis. Em seguida, ele concluiu: “Sem as forças armadas, não haveria segurança. O sono seria um pesadelo. Por isso, declaro, que se aceite ou não, que os homens das forças armadas não são apenas a classe profissional mais importante, mais também a mais poderosa.” A alma dos ouvintes gelou. Todos ficaram atônitos.
Os argumentos dos três oradores eram fortíssimos. A sociedade tinha se tornado um caos. As pessoas do mundo todo, perplexas, não sabiam qual atitude tomar: se aclamavam um orador, ou se choravam pela crise da espécie humana, que não honrou sua capacidade de pensar.
Ninguém mais ousou subir na torre. Em que voltariam?
Quando todos pensavam que a disputa havia se encerrado, ouviu-se uma conversa no sopé da torre. De quem se tratava? Desta vez eram os professores. Havia um grupo deles da pré-escola, do ensino fundamental, do médio e do universitário. Eles estavam encostados na torre dialogando com um grupo de pais. Ninguém sabia o que estavam fazendo. A TV os focalizou e projetou num telão. O mediador gritou para um deles subir na torre. Eles se recusaram. O mediador os provocou: “Sempre há covardes numa disputa.” Houve risos no estádio. Fizeram chacota dos professores e dos pais.
Quando todos pensavam que eles eram frágeis, os professores com o incentivo dos pais, começaram a debater as idéias, permanecendo no mesmo lugar. Todos se faziam representar.
Um dos professores, olhando para o alto, disse para o representante dos psiquiatras: “Nós não queremos ser mais importantes do que vocês. Apenas queremos ter condições para educar a emoção dos nossos alunos, formar jovens livres e felizes, para que eles não adoeçam e sejam tratados por vocês.”
O representante dos psiquiatras recebeu um golpe na alma. Em seguida, um outro professor que estava no lado direito da torre olhou para o representante dos magistrados e disse: “Jamais tivemos a pretensão de ser mais importantes do que os juízes. Desejamos apenas ter condições para lapidar a inteligência dos nossos jovens, fazendo-os amar a arte de pensar e aprender a grandeza dos direitos e dos deveres humanos. Assim, esperamos que jamais se sentem num banco dos réus.” O representante dos magistrados tremeu na torre. Uma professora do lado esquerdo da torre, aparentemente tímida, encarou o representante das forças armadas e falou poeticamente: “Os professores do mundo todo nunca desejaram ser mais poderosos nem mais importantes do que os membros das forças armadas. Desejamos apenas ser importantes no coração das nossas crianças. Almejamos levá-las a compreender que cada ser humano não é mais um número na multidão, mas um ser insubstituível, um ator único no teatro da existência.”

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